A minha primeira Comunhão...

Foi há 35 anos em Luanda, no Colégio São José de Cluny... vestia o vestidinho branco que a minha Mãe me tinha feito especialmente para este dia. Era curtinho (por cima do joelho), com franzido no peito (era assim que se usavam na altura e é assim que novamente se usam hoje) e manguitas curtas em forma de balão. Os sapatos, bem esses não me lembro se eram novos :-)

Tinha-me confessado pela primeira vez um ou dois dias antes. Lembro-me que estava preocupada se estaria ainda em condições de receber Jesus, pois sempre fui muito traquina :-)

A Missa começou e conforme se aproximava a altura da Comunhão o nervosismo aumentava. Tínhamos ensaiado o receber da hóstia, mas mesmo assim a preocupação de que algo corresse menos bem mantinha-se.

Não me recordo quantas éramos, nem o posso verificar através de fotografias pois não tenho nenhuma fotografia de grupo. Não sei se não terá sido feita nenhuma, se apenas não me veio parar à mão.

Chegou o momento tão aguardado e para o qual me tinha preparado durante algum tempo (eventualmente o ano lectivo todo, não sei).
Saio do meu lugar (num dos bancos corridos localizado na ala direita da Igreja) e dirijo-me junto ao altar. Aí recebo das mãos do sacerdote o Corpo de Cristo no formato de uma hóstia!

Feliz e agora já mais calma regresso ao meu lugar, ajoelho-me e rezo. Rezo, com as maõs a cobrirem-me a face (como tantas vezes vi fazer na minha terra a uma Senhora amiga dos meus Pais) durante alguns momentos. O que pedi a Jesus? Não sei, não me lembro. Tenho apenas a certeza que devem ter sido coisas bonitas para mim e para no mínimo os meus Pais... e Jesus garantidamente me ouviu pois tantas coisas bonitas nos têm acontecido durante a vida!

A Missa terminou, e já no esterior da Igreja (mas tendo-a por fundo) tiro umas fotos que ainda hoje conservo bem guardadas num album japonês.

Ainda antes do almoço sou de novo fotografada (as estrelas são assim...) mas já em casa dos meus Primos.
Do repasto recordo apenas a sobremesa... um lindo livro branco fechado (como a vida)!

Passaram-se 35 anos... é verdade, é muito tempo... mas mais tempo ainda são os quase outros 14 anos que já se passaram... um dia quem sabe algo venha a mudar... a esperança é a última a morrer...